Saturday, March 23, 2013

Peugeot e os Jean Pierre

 

Estava todo preparado para ver o protótipo da Peugeot na sua loja de Champs Elysees. portanto tive uma decepção. Nada de protótipo, de fato, a loja não tinha uma aparência muito esportiva. Entre os veículos expostos, um sedã dos anos 50, um 4 portas futurista e um micro carro mais futurista ainda. Até mesmo na seção de miniaturas e livros pouco se via de automobilismo. Já na loja da Renault, o Red Bull em todo seu esplendor.

Fiquei contente, entretanto, em ter achado o livro "Peugeot et le sport automobile", de Michel Morelli. A Peugeot não é uma marca frequentemente associada ao automobilismo de competição, assim que os livros sobre o assunto são poucos, para não dizer, raríssimos. Não titubeei em comprar o tomo.

Grande parte da cobertura se concentra nos rallyes, categoria na qual a marca francesa teve maior volume de participação nos últimos cinquenta anos. Entretanto, não faltam os carros de GP da Peugeot do começo do século passado até os anos 20, os carros que participaram de Indy, os carros de turismo, os protótipos de Le Mans, além das fracassadas participações como fornecedora de motores para a McLaren e Jordan. Faltaram as grandes realizações da Peugeot na Argentina, mas ninguém é perfeito.

Aprendi um pouco sobre as participações da marca no campeonato francês de carros turismo nos anos 80. Seguia esse campeonato de longe, na época em que Jean Pierre Beltoise geralmente faturava tudo com um BMW. Beltoise, que participou da F1 até 1974, achava que seria piloto da Ligier em 1976. Foi preterido, e caiu a ficha que seus dias no automobilismo internacional estavam contados. Concentrou-se nos carros de turismo daí para frente, onde teve muito sucesso.

Foi através dele que a Peugeot entrou com tudo no campeonato francês. Ele e outro Jean Pierre, o Jabouille, também recém egresso da F-1. Estes dois Jean Pierre, e mais outro, o Jarier, ganharam títulos de F2, mas nunca se firmaram como grandes pilotos na F1. O que mais pontos marcou foi Beltoise, que ganhou um GP. Jabouille ganhou dois GPs, mas marcou poucos pontos além da sua vitória. Já Jarier foi um Chris Amon light. Quase ganhou dois GPs do Brasil, fez poles, liderou diversas corridas, substituiu Peterson na Lotus em 1978, mas no fim do dia, acabou com zero. Um outro Jean Pierre, o Jaussaud, foi vice-campeão de F2 em 1972 e ganhou Le Mans duas vezes, algo que nenhum outro Jean Pierre consegiu. Também tinha o Paoli, que não deu em muita coisa.
Jarier e Beltoise fizeram dupla na Matra-Simca em 1974, e ganharam muitas provas juntos. Jarier também ganhou corridas com a Alfa-Romeo em 1977, no decadente mundial de Carros Esporte, em dupla com Merzario.

Curiosamente, depois de tantos Jean Pierre, o nome rareou no esporte. Me lembro do Malcher, acho que só.

Beltoise foi chefe de competições na Peugeot durante algum tempo, e foi substituído por Jabouille. Este era bom engenheiro, de fato, projetou o Elf-2 com o qual ganhou o Europeu de F2 em 1976. Também ajudou a desenvolver o Renault de F1 e ganhou a primeira corrida para a marca, em 1979, em Dijon. Jabouille também faria parte da equipe de protótipos da Peugeot no Mundial de Marcas, e foi chefe de competições da casa durenta muitos anos.

Carlos de Paula é tradutor, escritor e historiador baseado em Miami

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