Wednesday, March 6, 2013

O calendário de 1970

 

Podem me chamar de repetitivo. Não me importo, até encaro como um elogio. Pois repetitiva é a história, assim se o historiador está sendo repetitivo significa que está realizando sua tarefa corretamente.

Assim, vamos discorrer um pouco sobre o calendário automobilístico brasileiro de 1970.
A CBA decidira estabelecer dois campeonatos brasileiros para aquele ano, um Campeonato Brasileiro de Pilotos e um Campeonato Brasileiro de Marcas. Nem sinal da Fórmula-Vê, cujo atestado de óbito era então assinado, pelo menos como categoria nacional, nem tampouco da recém nascida Fórmula-Brasil. Ou seja, o país voltava a ficar completamente carente de corridas de monopostos, apesar da recém bem sucedida Temporada BUA de Fórmula Ford.

O pomposo Campeonato Brasileiro de Pilotos teria cinco provas, todas de longa distância - 3 Horas da Guanabara, 300 km de Porto Alegre, 250 km de Fortaleza, 300 km de Interlagos e 3 Horas de Curitiba. Não ficou claro se a Confederação tencionava realizar a prova de Porto Alegre em Tarumã, autódromo que já estava em construção há alguns anos. De qualquer modo, o autódromo acabou sendo inaugurado muitos meses depois da data marcada para a corrida, 12 de julho. Se, de fato, a CBA pretendia realizar a prova em Tarumã, seria o primeiro calendário brasileiro com provas marcadas exclusivamente em autódromos.

A pontuação seguiria o esquema da F-1, 9-6-4-3-2-1, e era pemitida a participação exclusiva de POCs, pilotos oficiais de competição.

Não é preciso dizer que o campeonato não saiu do papel, pois nenhuma das provas planejadas ocorreu.

Já o Campeonato Brasileiro de Marcas previa a participação de carros de Turismo Brasileiro, Esporte Nacional, Esporte Livre e Carros Importados. Haveria três campeões, com a Esporte Livre e Carros Importados pontuando na geral, e as duas categorias "brasileiras" com pontuação separada.
O campeonato de marcas previa o máximo de seis corridas, e mínimo de 4. Preliminarmente, estavam incluídas no campeonato os 1000 km de Brasilia, 12 Horas de Interlagos, 500 km de Salvador, 12 Horas de Porto Alegre, 1000 Milhas Brasileiras e 1000 km da Guanabara. Das seis corridas planejadas, foram realizadas somente três, a de Brasilia e as duas de Interlagos. Ou seja, como o campeonato previa o mínimo de quatro provas, não foram declarados campeões.

O esquema de premiação previa o mínimo de NCr$25.000 para provas de autódromo e NCr$15.000 para provas de rua, no campeonato de pilotos, e NCr$40.000 e NCr$30.000 no campeonato de Marcas.

Obviamente, tudo em tese, pois os campeonatos não aconteceram e, de fato não houve campeão brasileiro de automobilismo em 1970.

Carlos de Paula é tradutor, escritor e historiador de automobilismo, e às vezes, repetitivo repetitivo

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