Tuesday, March 5, 2013

Calendário de 1973



Não me canso de falar sobre os criativos calendários do automobilismo brasileiro nos anos 60 e 70. Os calendários de 65, 67 e 71 incluíam inventivas provas de F-3 brasileira, um campeonato brasileiro de Fórmula Vê com provas em Blumenau e Belo Horizonte em 1967, além de um campeonato de D3 com provas de longa distância em Salvador e Recife, em 1971. Nada disso se realizou, mas, como dizem que o brasileiro tem memória curta, normalmente ninguém se lembrava das provas prometidas no ano anterior e se contentava com as poucas realizadas no curso do ano. Em geral os calendários eram bem mais "sexy" do que o plantel de corridas efetivamente realizadas.

Geralmente estes calendários continham provas de rua em locais que não tinham autódromos, mas como em 1973 as corridas de rua haviam sido temporariamente abolidas no Brasil, o que poderia haver de tão esquisitio no calendário de 1973?

O calendário previa quatro campeonatos, três certos e um mais ou menos certo. O Campeonato Brasileiro de Construtores seria o campeonato de Divisão 4, que contaria com 12 provas. Só foram realizadas oito. O Campeonato de Fórmula Ford, que até então era chamado de Campeonato Brasileiro de Velocidade, passou a ser chamado de Campeonato Brasileiro de Formula, com a alcunha de Taça Texaco, em deferência ao patrocinador. No papel, teria oito corridas. Teve sete.

Já o campeonato de Divisão 3 era chamado de Campeonato Brasileiro de Viaturas Turismo, e teria sete provas. Acabou tendo seis corridas mesmo.

Havia também a possibilidade de continuar com o Campeonato de Viaturas esporte (Divisão 6), que parecia questionável, pois em 1972 a maioria das corridas da categoria só contava com cinco carros e eram necessários carros da D4 para aumentar os grids. Supostamente havia um patrocinador "muito interessado" no campeonato, algo também improvável.

O mais interessante foi a inclusão dos autódromos de Goiânia e Brasília em todos os campeonatos. Todos sabem que os dois autódromos do Planalto Central acabaram sendo inaugurados em 1974, e não em 1973. Goiânia tinha até reservada uma data para prova internacional de carros esporte no calendário da FIA. Quem sabe se JK fosse presidente o autódromo de Brasilia tivesse ficado pronto no prazo...

No fim das contas, a pista de Cascavel, que não estava incluída nos planos da CBA, foi justamente quem salvou a pátria em termos de diversidade, com corridas de D4 e D3, além de uma prova de D1. O calendário também não previa as provas de longa distância de Divisão 1.
O autódromo de Curitiba foi incluído novamente no calendário. O hilariante calendário da D3 para 1971 previa uma prova de longa distância na capital paranaense, que nunca foi realizada. Foram realizadas três corridas no autódromo em 1973, que em 1972 só realizara corridas regionais, o Torneio Independência de Estreantes e Novatos, e a prova de inauguração do circuito misto, ganha por Norman Casari. Infelizmente, já a partir de 1974 Curitiba estava novamente excluída dos calendários nacionais, voltando somente muitos anos depois.

Carlos de Paula é tradutor, escritor e historiador de automobilismo baseado em Miami

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