Sunday, February 10, 2013

Diversidade nas pistas

Hoje em dia vende-se mais de 400 modelos de carros diferentes no Brasil. Entretanto, apesar de tanta variedade nas ruas, não se vê muita diversidade nas pistas.

Há uma série de razões para isso, lógico, e o propósito não é discuti-las. Entre elas, nem todos os carros foram feitos para correr, a maioria das fábricas não se interessa por competições, e hoje o automobilismo é muito mais profissionalizado do que outrora.

Nos anos 60, com o envolvimento das fábricas nas corridas, e o início de fabricação de carros nacionais na década anterior, os carros Made in Brazil tomaram conta das nossas corridas. Apesar disso, a variedade de carros que disputaram corridas no Brasil nessas duas décadas, de 50 e 60, foi excepcional, apesar de as corridas serem poucas, e o esquema bastante primitivo.

Entre os carros de turismo e GT, nossas pistas foram agraciadas, nessas duas décadas, por Simca, DKW, FNM, Alfa Romeo, VW, Karmann-Ghia, Aero Willys, Interlagos, Alpine, Simca-Abarth, Fiat-Abarth, Allard, Ferrari, Maserati, Porsche, Mercedes-Benz, Mini-Cooper, Citroen, Austin-Healey, MG, Jaguar, Brasinca (Uirapuru), Lorena, Opala, Corcel, Gordini (1093 e Dauphine), Borgward, Saab, Dodge Dart, Puma, Chevrolet Corvette, Malzoni, Chrysler, Volvo, Lancia, Renault, BMW, Lotus, Ford, Romi-Isetta.

Entre os carros de competição (protótipos e monopostos), tivemos um sem número de especiais que correram na Mecânica Nacional (depois Continental), muitos baseados em velhos Bugattis, Alfas e Maserati, outros construídos em casa, e rebatizados com nomes como Duchen Especial. Outros Mecânicas foram Alfas, Maseratis, Lancias e Ferraris adaptados com motores Chevrolet, Ford, Cadillac, Studebaker e Dodge, além dos Fórmula Junior de Chico Landi equipados com motores JK, Simca, DKW e Renault. Depois, muitos protótipos baseados em mecânica VW, DKW, Simca, Chevrolet, etc, que sequer receberam nomes. Estes foram construídos em São Paulo, Rio, Minas Gerais, Brasília, Paraná, Rio Grande do Sul, Goiás, e também no Nordeste. Entretanto, alguns dos protótipos mais famosos dessa época encontram-se o Snob's-Corvair, AC, Bino, Tempestade, Alfazoni, Fitti-Porsche, VW Bi-motor, Pato-Feio, Caçador de Estrelas, elgar, além dos puros sangues estrangeiros Lola T70, Maserati, Ferrari, Lancia, Ford GT-40.

Sem contar também dezenas de carreteras  que disputaram corridas no Rio Grande do Sul, São Paulo, Paraná e Santa Catarina, todas com carrocerias individuais e diferentes, e motorização Ford, Chevrolet, Dodge e Cadillac. Além das pequenas carreteras FIAT, DKW e Renault, e híbridos como VW-Porsche, Karmann Ghia-Porsche e Karmann Ghia Corvair.

Somem-se a estes os Fórmulas Vê de 1967 a 1969, como Fitti, Aranae, AC, etc, e temos duas décadas com uma imensa variedade de carros na pista. Tempos que não voltam mais.

Carlos de Paula é tradutor, escritor e historiador de automobilismo baseado em Miami.    

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